Enzima

Voe, voe alto. Voe muito, muito alto.
Extrapole até onde achar que deve.
Vá com sua inclinação às vezes pra lá de acentuada,
medindo forças erradas, feito criança mimada teimando greve.
Até encontrares teu topo, passarinha, diga-me o que vê lá do alto.
Use sua aerodinâmica volátil para entender
se foi delize ou erro de cálculo.
Veja se por detrás das colinas há a possibilidade
de um ninho mais aconchegante, que suporte ambiciosos saltos.
E não se acomode até entender se ficamos pequenos lá de cima.
Depois, batiza-te com amor e gasolina
para quando retornares suportar nosso humor,
pois será este a nova enzima.
Voe sabendo que pairar nos ares do esquecimento
é o mesmo que apostar em maus passatempos,
que oferecer-se como presa preferida das perigosas carabinas,
alvo predileto dos maliciosos caçadores de rapina.
Por isso imploro que desças desse penhasco cinzento e pouse.
Nem que seja para dizer se devo ou não
aparar minhas asas pequenas e entender de vez seus problemas
e toda essa razão para tantos longos vôos
sempre promovidos por asas cheias de envergaduras.
Depois podes decolar sem compostura e voar para o longe.
Mas se decidir por ficar, então que pouse,
adormecendo todos os seus problemas
em minhas sensíveis penas consoantes,
daí sim, descanse teu aventurado bico e repouse.
Mas enquanto isso, passarinha, também migrarei de galho em galho,
passando o caralho em novas aves peregrinas.
Seria esta a minha predestinada sina? Se for, então por favor…
preciso aprender a voar como você, preciso de enzimas.

2 Respostas to “Enzima”

  1. Aline Says:

    a partir do dia 15 quero uam fotita aqui também!beijooo

  2. Julia Says:

    vc….

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